Como o tempo passa rápido. Já se passaram cinco anos desde que você foi chamado ao outro lado do caminho. Desejo que ao receber minha cartinha você esteja bem, sem resquícios das dores e feridas físicas. Que você esteja em boas companhias, em especial da sua Rosinha, e que tenha bons papos com essa voz grave, firme, e com o sorriso e o bom humor que sempre foram suas marcas registradas.
Não tenho notícias de São Sebastião do Passé. Depois da sua partida ainda voltei lá uma vez, no São João, como convidada do nossos amigos Jair e Lala. Apesar de na sua cidade querida ter permanecido pessoas por quem tenho muito carinho, como Ritinha, Cátia, Dêse e outras, não me senti muito atraída.
Mas, de você nunca esqueço. Quando a saudade bate, volta e meia, olho aqueles informativos que produzi quando o assessorava no seu mandato como prefeito de Passé. Tanta coisa você fez por aquela cidade nos oito anos em que esteve à frente da Gestão! Escolas, pavimentação, redes de esgoto, estímulo ao associativismo...Muitos podem nem lembrar, mas eu lembro. às vezes a saudade bate em meio a conversas no trabalho ou em casa. Aí envio um alô e um beijo pra você mentalmente.
De vez em quando cito você aos jornalistas e estudantes que estão sob minha coordenação na Assessoria de Comunicação da Defensoria Pública. Você é minha referência de político comprometido com o bem-estar da população. Como foi difícil lhe convencer da importância de divulgar o trabalho realizado pela Prefeitura. Você se sentia incomodado de destinar qualquer tostão para publicizar o que vinha fazendo. Dizia que com aquilo podia consertar um calçamento ou fazer outras pequenas obras. E eu contrapunha que a memória do povo é curta e o que não é visto não é lembrado. Você pôde ver isso, não foi? E continua sendo assim.
Cito também você quando falo da importância de se estabelecer a confiança entre assessorado e assessor. E também da sintonia de ideias. Conto sempre emocionada sobre aquela vez em que você me pediu que redigisse uma mensagem de final de ano para os sebastianenses. Você iria gravar com Nilton César e rodar no carro de som. E me deu carta branca, como sempre, sem nenhum briefing.
No outro dia voltei a São Sebastião e fui na sua casa. Depois de almoçarmos fomos para a sala e perguntei se podia ler a mensagem. Você fez que sim, com um largo sorriso seguido de "Claro que sim, Vandinha". Quando terminei de ler em voz alta você tinha lágrimas nos olhos. Perguntei porque você chorava e recebi a resposta: " Fico emocionado com essa sintonia que existe entre nós. Você não vai acreditar. Ontem à noite fui na confraternização da APAE e falei exatamente isso que você colocou aí". Pegou na minha mão e aí foi a minha vez de ter lágrimas nos olhos. O texto que escrevi falava da importância da solidariedade com o próximo.
Zezito, sinto falta dos seus telefonemas pra gente conversar de política. Teríamos conversas ainda mais longas agora, nesse tempo tão louco aqui no Brasil. Ações estratégicas de desmonte das universidades e escolas públicas, com corte de verbas, com o objetivo de pressionar a população de que uma safada (ops, não devo escrever com estas palavra para o céu) reforma da Previdência é imprescindível. Um governo que diz agora e desdiz daqui a duas horas. Que faz e desfaz. Parece que joga balão de ensaio o tempo inteiro. Tudo está ficando de cabeça pra baixo. Muito doido, amigo. Sabe a Educação, que você defendia como prioritária? Agora não é mais no país. Será que daí você tem acompanhado?
Será que você e dona Sílvia já se reencontram? Espero que sim. Até acredito que você a tenha recebido, tamanho era (é) o amor, o companheirismo e a cumplicidade entre vocês. Confesso que só agora, ao escrever essa cartinha, soube que ela, a sua Rosinha, também tinha seguido ao outro lado do caminho em janeiro deste ano. São ciclos fechados, né, amigo? Nós aqui ainda prosseguimos em nossas missões, que muitas vezes nem sabemos quais são.
Vou ficando por aqui. Receba minha saudade e minha gratidão por ter convivido com você por tantos anos, como profissional e amiga, compartilhando da sua vida, da sua família, por quem tenho tanto carinho.
Um grande abraço.
Vandinha.
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