terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Mais uma carta de amor ao outro lado do caminho

Oi, Mariquinha

Pensou que eu não iria mais escrever? Pois estou aqui. Desculpe a demora. Acho que cada coisa vem no tempo certo, né?

Como a senhora está, mamãe? Espero que não tenha ficado chateada comigo por não ter lhe mandado a cartinha em seu aniversário. Não consegui escrever. A senhora sabe que não gosto de fazer esse contato por aqui quando estou preocupada. E eu, como todos da família, estávamos (estamos) preocupados com o nosso outro galego, Junior. Mas tenho, cada vez mais, procurado exercitar minha fé e creio que logo logo ele terá capacidade de ver a luz enviada por Deus e seguir para e com ela, vencendo os desafios cada vez mais duros que enfrenta. Procuro fazer como a senhora sempre fez, orando por cada um de nós. E sei que continua fazendo isso onde se encontra.

Nesse intervalo desde a última cartinha ao outro lado do caminho onde a senhora se encontra muito aconteceu.Pra começar, já que faz um longo tempo desde a última carta, deixe-me falar sobre o Prêmio. Qual? Aquele que eu disse que era finalista, em junho do ano passado, e que já tinha conversado com Deus pra que eu ganhasse. Lembra? Pois mais uma vez Ele me ouviu e voltei do Congresso Nacional de Comunicação e Justiça para a Defensoria com a estatueta do Prêmio Nacional de Comunicação e Justiça - Mídia Radiofônica pelo jingle de Carnaval da Defensoria. Mas acho que a senhora já sabe, né? Com certeza sentiu minha alegria. Eu senti sua felicidade por mim.

Depois, em julho, veio o choro duplo pelo acidente com Bepe, nosso galego. O primeiro choro pelo acidente e por ele se encontrar agora sem os movimentos do bico do peito pra baixo. Sim, eu sei que foi um baque pra senhora também, que nunca deixou de nos amar um segundo sequer, seja neste ou no outro lado do caminho. Mas logo em seguida teve o choro de gratidão pelo renascimento dele, que ficou em minha casa por quatro meses, com Daniela cuidando dele, com a ajuda de Cida e de Lu, com o meu apoio e de Aninha.

Nesse período em que Bepe esteve aqui pude confirmar, mamãe, que junto a cada tristeza tem alegrias. A primeira foi de ter a alegria de sonhar duas vezes com a senhora. Fiquei tão feliz que a senhora nem imagina. Eu e meu irmão estivemos juntos como há muitos, muitos anos não estivemos. Pude ter mais contato com Caca e Betinho, que se revezavam no cuidado com o pai também. Um amor lindo. As férias de Caca foram dedicadas a cuidar de Bepe. Por fim, em novembro, Bepe e Dani decidiram voltar para Paulo Afonso e continuar com os cuidados na casa deles, tendo contato com a família e amigos, para retornarem e Bepe iniciar o tratamento no Sarah. É que não pode começar sem que toda e qualquer feridinha esteja cicatrizada. Mas isso acontecerá logo. Assim será, eu creio!

Mas a grande alegria, mamãe, foi a chegada de Leon, meu neto, em 16 de outubro. Não pude acompanhar o parto. Acho que se tivesse entrado meu coração teria saído pela boca. Foi tão emocionante pegá-lo nos braços a primeira vez no dia em que nasceu e ele, mesmo sonolento, ficar quietinho ao me ouvir dizer baixinho o quanto ele era bem-vindo e amado. É assim mesmo, né? Imagino as tantas vezes em que a senhora sentiu essa mesma emoção, com cada um dos filhos, dos netos e bisnetos que foram chegando.

E então... Leon é uma mistura de kaká e Bruna, com a pele mais clara, como a de Bruna. Até agora, com 3 meses, tem os olhos claros, mas de uma cor que não sei explicar. Lindo, a senhora não acha? Ele é conversador. Mesmo que seja com uh uh. Já deu as primeiras gargalhadas, estimulado com Bruna, uma mãezinha linda que brinca, conversa e ri com ele o tempo todo. Enfim, estou feliz. Roberto também.

Agora, veja só. Bepe ficou brincando aqui em casa dizendo que estávamos os três caçulas da senhora e papai: ele, caçula dos homens; Lu, de todos os filhos; e eu, caçula das vovós. Mas aí Irla engravidou e Lu ficou com o meu lugar. (risos). Rimos tanto, mamãe. Principalmente pela felicidade de chegar mais um bisneto ou bisneta pra vocês. Aliás, mais dois, porque Bárbara também terá bebê neste ano. Olha que família renovada: ano passado, três: Davi, Eduardo e Leon. Neste ano, mais dois (não sei se meninos ou meninas). Pelo menos até agora, né? Ainda estamos em janeiro, dá tempo pra vir mais alguém.(risos).

Não tenho lembranças de como seja aí no outro lado do caminho. Mas de vez em quando recebemos notícias da senhora e de papai através do Centro Espírita que Ítalo e Eliene agora fazem parte. Tata está frequentando lá. Imaginar com verdade que vocês estão bem, acreditar que a vida continua aí no outro lado do caminho aquece o coração.

Espero que esteja recebendo em seus olhinhos o toque dos meus lábios e nas suas costas o calor do meu abraço de caranguejo que mentalizo todos os dias, junto com o meu amor, minha gratidão e minha saudade.

Ah! o povo anda dizendo por aí que estou ficando muito parecida com a senhora. Como já deve ter visto (acredito que sim), estou de novo de cabelos curtos, como há oito anos. Só que ruivo. É uma honra que as pessoas possam lhe ver através de mim. Afinal, sou ou não filha de Nicinha? Claro que sim.

Mariquinha, vou parando por aqui com  minha tagarelice. Os dedos parecem que não querem parar de teclar, mas preciso tomar um banho pra dormir.

Fique bem! Fique em paz! E dê um grande beijo em papai quando estiver com ele. Diga que sinto saudade das nossas conversas e que depois mando uma cartinha pra ele.

Mamãe, te amo muito, muito, muito, muito.

Sua filha tagarela,

Vanda

2 comentários:

  1. Cada palavra sua irmã é uma viagem que faço no pensamento. Imagino nossa mãe com o olhar bebendo cada palavra dita nesta cartinha.

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  2. Oh Vanda! Linda cartinha, temos certeza que ela ficou feliz em saber estas notícias, parabéns pela iniciativa e sintonia. Antão Neto

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