Querido papai
Neste ano de 2025 o Dia dos Pais (10/08) não coincidiu com o dia do seu aniversário (12/08), que marca um dia de muita saudade para todos nós que o amamos e continuamos a caminhada. Não tivesse seguido para o outro lado do caminho, hoje o senhor estaria celebrando 92 anos. Mas há 8 anos o senhor foi chamado de volta ao lar espiritual pelo Criador, que tem seu próprio tempo.
Nesses oito anos tanta coisa mudou, tanta coisa aconteceu. Chegaram pelo menos 10 novas pessoinhas em nossas famílias: oito netas/os e um bisneto. Mais pessoas queridas seguiram para o outro lado do caminho. É a renovação natural do mundo, fazendo com que a roda do tempo continue girando.
Alguns de nós, nesse período de sua ausência física, passou a enfrentar grandes desafios para garantir a saúde, o trabalho, a vida em si. Mas todos vivenciando a experiência de bençãos diárias da espiritualidade que, sem dúvida alguma, se somam às bençãos lançadas sobre nós pelo senhor, que nunca deixou um filho sem amparo.
Sinto sua falta, papai. O senhor sabe, aliás, que não apenas eu sinto, mas todos os que descedem da sua vida. Gostaria que erstivesse ao meu lado para lhe falar das minhas experiências pelo mundo ao lado de Roberto, dos meus projetos editoriais, da minha neta Giulia que está pra chegar ainda neste mes de agosto. Gostaria de trocar umas ideias sobre a política, sobre tudo que a vida hoje nos joga nos peitos.
A minha mais recente caminhada pelo mundo adentrou pelo Oriente, percorrendo alguns cantos da Tailândia, China e Japão. A aventura mais distante que já tivemos. Vimos que na Tailândia tem praias lindas, mas que as praias do Brasil são tão ou mais lindas que algumas delas. Ali conhecemos um pouco do Budismo e conferimos os lindos templos. Na China constatamos que, apesar de ser governada pelo Partido Comunista, o país, pelo menos nas duas cidades em que estivemos - Pequim e Chongqing, mostra-se empenhado no desenvolvimento econômico e na modernização. E no Japão ficamos impressionados também com o desenvolvimento e a cultura de organização e educação do povo. Culturas muito diferentes. Se já aprendi a falar tailandês, japonês ou mandarim? Não. Não consegui essa proeza. Não ainda. Quem sabe, né? Usamos tradutor online, uma das vantagens da tecnologia.
Papai, não estou mais na Defensoria e por enquanto não estou com outro trabalho fixo. Mas estou fazendo contatos para retomar as atividades laborais externas. Certamente puxei ao senhor, que nunca parou, mesmo depois de se aposentar e de perder a visão. Torço para que a minha experiência profissional vença o idadismo, por eu fazer parte do grupo 60+. Pretendo, contudo, alcançar um que não ocupe todo o meu tempo. Quero continuar a escrever e a curtir mais momentos com minha família. Aliás, minhas famílias. Acho isso muito importante, pois já me ausentei de todos ao longo dos últimos 10 anos, quando dediquei meu conhecimento à Defensoria como forma de contribuir para que mais pessoas tivessem acesso aos serviços da instituição, que é a responsável pelo acesso gratuito à justiça.
Papai, daqui agradeço a Deus por todos os 55 anos em que caminhamos juntos, encarnados, como pai e filha. Mesmo que esta cartinha seja um monólogo, sinto-me como se estivesse ao seu lado, conversando como tanto fizemos desde que me tornei adulta.
Peço sua benção e desejo que esteja bem e em paz aí no outro lado do caminho. Vou ficando por aqui com muita saudade.
Da sua filha que tanto o ama,
Vanda.


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