Querida mamãe
Como vai, luz da minha vida? Tá tudo direitinho com a senhora aí no Céu? Já se habituou à sua nova vida? Desejo que haja brilho em seus olhos. Sei que não deve ser fácil e que a saudade, que pode ser confundida com a tristeza, deve estar batendo forte em seu coração da mesma forma que bate em nós. Mas não se deixe abater pela saudade que emitimos pra você, viu? Olha, estou ansiosa pra lhe contar sobre a nossa viagem e por isso lhe escrevo esta carta.
Lembra que uma das minhas parábolas preferidas é aquela que diz que encontramos no caminho aquilo que levamos no coração? A senhora sabe que Roberto e eu somos do bem. E então, só encontramos gente legal. Acredita que pedimos uma informação a uma mulher num ônibus em Bogotá, capital da Colômbia, e como ela não sabia responder ligou do celular para a filha? Como íamos descer na mesma parada ela ainda seguiu junto e mostrou como chegar onde queríamos. Foi perigoso? Sei que podíamos ser alvo de uma armadilha, mas seguimos o nosso coração.
Com tantas notícias sobre os grupos políticos violentos da Colômbia, como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), confesso que tínhamos medo de conhecer o país. Mas como é sabido que o governo colombiano tem buscado a paz depois de causar várias baixas nesse grupo considerado terrorista, decidimos ousar. E não nos arrependemos. Encontramos uma cidade muito organizada e com pessoas mais confiantes nas ruas: nativos e turistas. A senhora iria gostar de ver aquela cidade com seus prédios feitos de tijolinho, que eles chamam de ladrilho.
Mamãe, as ruas são monitoradas por jovens que estão prestando serviço militar. Tem um a cada intervalo de menos de 50 metros. Na Colômbia o serviço militar também é obrigatório e o recruta (como chamamos no Brasil) pode servir no exército ou na polícia, por um ou dois anos. Com seus casacos verde-abacate podem ser visto à distância e são atenciosos e simpáticos. Ao menos foram assim conosco. Bem que no Brasil poderiam fazer a mesma coisa, não é?

Mulher, esta viagem fez a saudade de você bater forte. É muito estranho passar em cada cidade e não poder mais comprar um presente pra você. Afinal, a senhora não precisa mais disso. Situações assim é que dificultam um pouquinho a saudade. Quando vejo os casaquinhos, então, sinto um friozinho na barriga pensando em como você ficaria linda com eles. Saudade é assim, né? Não se preocupe. Compartilho mentalmente com a senhora cada canto que visito. Tomara que possa receber minhas mensagens e minhas emoções. Depois lhe falarei sobre a Catedral de Sal.
Receba o abraço de caranguejo e o beijinho em seus olhos dessa filha tagarela.
Com amor,
Vanda.
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